sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

[Da fome dela à minha falta de apetite e o tão esperado diagnóstico]

Após um apelo do estômago dela, ela diz:

─ Eu preciso comer, porque meu estômago está numa briga louca aqui.
─ Não discuta com ele, só obedeça.
─ Idem! Ah não! O seu problema é que o seu não reclama, ? É comportado... Será que ele é mudo e a gente não sabe?
─ Olha, eu não nunca tinha pensado nisso! Acho que ele está em depressão... Resolveu se fechar para o mundo.
─ Coitado! E pra ajudar você nem bebe pra deixá-lo elegrinho e se soltar.
─ Ele desistiu de mim.
─ Terapia nele! Ajuda...
─ Se existe “boca do estômago” deve existir “cabeça do estômago”... Vou deitar no divã de bruço.
─ Mas pense: Ele não fala! Tem que fazer a leitura de expressões.
─ Acho que nem se expressar ele sabe.
─ Por outro lado a dona sabe muito bem, até é atriz.
─ Por isso que ele não me pede mais comida, porque ele sabe que eu quero viver de arte... Ele já está sabendo que a comida será pouca.
─ Pode ser! Mas ensina pra ele a língua de sinais, quem sabe ajuda? Ou ainda deixe um caderninho e caneta em vários móveis, aí ele passa e escreve igual o irmão da Miss Sunshine.
─ Ou então vai ver que eu estou precisando de uma paixão daquelas! Quem sabe meu estômago topa se alimentar de borboletas?
─ Verdade!
─ Vou ali me apaixonar e já venho.


(Participação especial de Flávia Macedo, a dos sonhos e ideias criativas).

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

De novo ano novo

Certa de que as convicções imperarão até janeiro que vem deposito ao universo toda minha carga de sonhos e pequenas vontades. Não vou cobrar dele as vontades de médio porte que lhe solicitei há doze meses. Talvez ele não tenha culpa desse delimitado tempo para novas conquistas que costumamos nos submeter.
E nesse nosso próprio limite temos o fácil vício de nos distrair e deixar amornar alguns sonhos e objetivos que só serão relembrados quando o calendário nos forçar a isso. Brinde. Queima de fogos. Respiramos e começamos de novo. De novo. E de novo...
Renovar as energias e se abastecer de novas esperanças somente a cada doze meses me parece um tanto torturante. Empurrar com a barriga até dezembro metas que podiam ser batalhadas para serem vencidas amanhã me soa num tom de covardia e preguiça. Se encher de empenho, boa vontade e fé nos primeiros dias do ano enquanto há possibilidade de renovar as energias a cada mês, semana ou dia.
Meus sonhos são para amanhã e o que não foi conquistado em doze meses continuará sendo trabalhado em lutas incessantes enquanto a eternidade me permitir.
Certa de que as convicções imperarão a cada novo amanhecer deposito ao universo toda minha carga de sonhos e pequenas vontades.