segunda-feira, 15 de março de 2010

Do querer [2]

Queria escrever algo bem bonito pra agradar os olhos dos bondosos que me visitam por aqui.
Mas a falta de consenso entre mente e mãos não me permite transformar em letras o que penso, acho e sinto.
Sinto que quero tantas coisas que não sobra espaço para tê-las.
Queria me encher de coisas novas.
Novos rumos, novo emprego, novo lar.
Um motivo bom pra semana voar.
Queria me saciar de leituras que adio há tempos.
Me ordenar novas organizações e deveres.
Escolher uma cor pra pintar novas paredes.
Novas janelas e horizontes.
Céu pêssego entre nuvens chuvosas.
Não ter medo do sol.
Visitas pra dizer "tá cedo ainda".
Telas.
Novas fotografias de enfeite.
Fotografar.
Nova tatuagem.
Uma flor pra cuidar. Redoma.
Assistir à exposições.
Não passar mal e não passear de ambulância.
Uma nova dança. Ritmos.
Um novo som. Gaita.
Compor.
Afinação.
Agradar família, público e diretor.
Novos textos.
Personagens.
Bons modos de gestora ambiental.
Dois quilos sem ajuda de vitaminas.
Aquela bolsa.
Mais minutos ocupados.
Mais disposição.
Mais vontades atendidas.
Menos frescura.
Menos ansiedade.
Menos saudade.
Não pensar tanto no singular.
Nós.
Coisas úteis por aqui.
Queria me encher de fatos interessantes.
Compartilhar.
Queria ser entendível.
Compreendida.
Não precisar de recados no bolso.
Menos memória curta.
Lembrar de agradecer.
Fé.
Pensar além do meu umbigo.
Altruísmo.
Queria querer menos.
Ser mais.
Mais consenso entre ser e fazer.
Ter e querer.
Pensar e escrever.
Só.

sábado, 6 de março de 2010

Da ausência de tudo isso

Costumo dizer que me ausento pra privar futilidades. Mas dessa vez confesso uma pequena fuga.
Evitar o que geralmente alivia se tornou a janela dos disfarces, onde apoio meus cotovelos e pergunto pro que há de externo à meus olhos o que o interno insiste indagar.
E encontrar as respostas por si só é quase um tapa na cara.
Quando se reconhece os próprios defeitos, eles parecem ter valores duplicados.
O drama se ruboriza.

Com ajuda de um bom amigo e um encontro regado a café, frases gaguejadas (você que escuta "nhe") e uma dose de risada, fui convencida a "voltar".
De forma breve, mas presente.
E assim, se sucederá.