quarta-feira, 14 de julho de 2010

Do meu diário de bordo feito pelo papai

Lendo um blog dedicado a um bebê feito por seus pais, uma espécie de diário de bordo, me deliciei em imaginar o encantamento que essa criança terá quando não for mais criança. Ler detalhes de sua infância observados e cuidadosamente dissertados por aqueles que lhe amarão por toda eternidade. Sei que será mágico, pois provo desse sabor cada vez que leio o meu diário de bordo que papai fez pra mim nos meus primeiros anos de vida.

E ao ler esse blog que mencionei há pouco, me lembrei que há tempos não lia o que eu fui até os meus dois anos. Procurei no meio de tantos livros na estante da sala, aquela agenda de capa de couro marrom de 1987, a qual continha anotações preciosas, não por falarem de mim, mas por terem sido anotadas por meu pai que é O Pai. Tudo em primeira pessoa pra ser “mais meu” que de ninguém. Foi só até meus dois anos e meio. De repente porque papai sabia que, a partir daí, minha própria memória se encarregaria de guardar meus melhores momentos, antes disso, quase impossível. Digo quase, porque me recordo de um fato acorrido quando eu tinha apenas dois anos recém completo. Eu juro que é verdade, embora ninguém acredite, mas essa história fica pra um próximo post.

Ao reler meu diário, me surpreendi com as duas últimas atualizações que eu desconhecia. Não me recordo de ter ficado tanto tempo sem ler minha história à tinta naquelas páginas amarelas.

Um amado amigo meu disse por aí: “Quer ser eterno? Escreva tua história a tinta.” (Gigante pra muitos, Lê pra mim).

Papai começou minha história por mim e, ainda hoje, quase tudo que penso, escrevo e rabisco passa por papel e caneta mesmo que depois eu tenha que digitalizar como aconteceu com esse post. E aproveitando que estou prestes a completar 22 anos no dia 22 (adoraria contratar Catch 22 pra tocar no dia, mas isso sim seria impossível), compartilharei alguns trechos do que papai achou digno anotar há quase vinte e dois anos atrás, respeitando a cor de tinta que ele escolheu pra me tornar eterna.


Papai escreveu assim...


"Nasci no dia 22 de julho de 1988. Lua quarto crescente. Hospital Santa Casa-Sorocaba. Quarto 27, leito nº7. Hora: 04:30. Peso: 3,270.

- Às 10:40h, senti no meu rosto os primeiros raios de sol nos braços do meu pai, no dia 23;

- Às 11:05h, cheguei em minha casa. Vim no carro do nosso vizinho Zico. É uma Brasília vermelha, placa ZN 7482;

- Às 11:35h, recebi meu primeiro johrei ministrado pelo meu pai;

- Às 12:05h, deitei pela primeira vez em meu berço;

- Às 13:07h, tomei e experimentei pela primeira vez o gostinho da água;

- Dia 25/07/88 às 14:02h, tomei meu primeiro banho em casa. Quem me lavou foi a mamãe e o papai;

- Dia 30/07/88 às 15h, fiz o meu primeiro passeio. Fui até a Igreja Messiânica.

- Dia 31/07/88 às 14h, caiu meu coto umbilical."



Nota: - A pessoa que me registrou teve a capacidade de escrever 22 de agosto na certidão, mas nasci em julho mesmo. Comemoro por um mês inteiro;

- Já nasci magrelinha;

- Demoraram dois dias pra darem meu primeiro banho?!?!



continua...





Um comentário: